domingo, 15 de março de 2015

A História se repete


Como proferido por um grande teórico do século XIX - o qual prefiro não citar o nome -, a História se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa.

Hoje vimos um pouco disso no Brasil. Apesar dos momentos serem completamente diferentes, a passeata do dia 15 de março de 1964 e a passeata ocorrida hoje, dia 15 de março de 2015, possuem em comum o sentimento golpista, aquele que pedia e pede intervenção militar.

Vivemos um momento muito peculiar nessa nossa jovem democracia. Após um período de algumas mudanças sociais promovidas pelo governo petista durante a era Lula, agora vemos uma guinada da ala conservadora no Brasil.

Apesar de parecerem movimentos incongruentes entre si, a ascensão social de algumas classes está estritamente relacionada ao cenário atual. Isso porque, as mudanças promovidas pelo governo dito popular não foram suficientes para modificarem o status quo. Essas mudanças não foram suficientes para mexer de fato na estrutura social do país.

É fato que a classe C atualmente é a nova classe média. Mas às custas de que? A ampliação da classe média não foi acompanhada por uma modificação nas relações de poder, nem acompanhada por uma maior conscientização política.

Exatamente nesse sentido, juntamente com os novos rumos pró mercado que o governo petista vem tomando, que atualmente o governo Dilma sofre pancadas de diversos setores. Nada do que era esperado ocorreu. Não houve reforma política, a regulamentação da mídia não se concretizou, os impostos sobre grandes fortunas continuam no papel etc.

Tudo isso apenas propiciou um espaço que agora é ocupado pela direita que está novamente em ascensão. A esquerda não ocupou, não fincou o pé, a direita viu a oportunidade e a agarrou. O Congresso atual é tomado pelo conservadorismo e a mídia [golpista] segue sendo o principal educador político da população.

Assim, o PT não conseguiu levar adiante as mudanças necessárias para evitar que passeatas como as atuais ocorressem. Hoje a classe média, despolitizada, mergulhada em censo comum e educada por meios de comunicação que possuem interesses na desestruturação do governo, está nas ruas com palavras de ordem, pedindo intervenção militar e culpando todo um partido por uma corrupção que é sistemática e histórica.

Cada dia que passa, o silêncio e inação do governo petista só propiciam que a direita que agora ele tenta agradar tome mais espaço novamente no cenário político. O resultado disso tudo ainda é incerto, mas as passeatas de hoje, 15 de março de 2015, gritam não só por Impeachment da presidente, como servem pra tentar acordar o governo dessa passividade profunda em que está desde meados do mandato passado.

Já é hora de Dilma e o PT reavaliarem a estratégia que estão seguindo, caso contrário, o sonho de 2018 pode não se concretizar, sequer sabemos se o governo da Dilma chegará até o fim. É o momento propício também para toda a esquerda brasileira se conciliar e traçar novos planos de ação entre a população e de pressão no governo. Todos sabemos que algo precisa ser feito urgentemente, senão, o futuro tenderá a ficar cada vez mais e mais nebuloso.

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