sábado, 21 de março de 2015

A confusão entre liberdade de expressão e discurso de ódio

Vocês se lembram do ex-agente do Dops que foi aplaudido na Paulista no último domingo, dia 15 de março de 2015? 



Essa moça da foto é a Marilena Villas Boas Pinto. Aos 23 anos ela foi vítima de Carlinhos Metralha, o torturador do DOPS que fez o tal discurso em SP, no "15 de março", dizendo que, se pudesse, metralharia mais e fora ovacionado por muitos, tirando fotos e dando autógrafos. 

Isso mesmo: um assassino sendo ovacionado.

O que ele dizia, a respeito de matar mais gente, NÃO é liberdade de expressão. Na posição dele, como ex agente do DOPS, ex torturador e assassino, afirmar que deveria ter matado mais é o que o nosso Código Penal chama de incitação ao crime e isso está bem longe de ser liberdade de expressão.

Além dessa fala do senhor da Paulista ser discurso de ódio, é CRIME também previsto no Código Penal.

Marilena e tantos outros companheiros que lutaram para que as pessoas do dia 15 de março pudessem vomitar quilos de besteira não tiveram direito a essa "liberdade de expressão". Todos os mortos da Ditadura Militar não deram a vida para garantir que Carlinhos Metralha fizesse discurso de ódio e incentivasse o crime hoje, pleno ano de 2015. 

A nossa liberdade de expressão não é igual a liberdade de expressão deles (militares da Ditadura). Liberdade de expressão NÃO é discurso de ódio e as pessoas precisam aprender isso de uma vez por todas antes que seja tarde.  

MARILENA VILLAS BOAS PINTO (1948-1971): Estudante do segundo ano de Psicologia da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro (RJ), Marilena passou a viver na clandestinidade a partir de 1969. Juntamente com seu companheiro Mário de Souza Prata, ela foi presa e morta nos primeiros dias de abril de 1971, no Rio de Janeiro. 

Ambos eram integrantes do MR-8, com militância anterior na ALN. A versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança registrava que, em 2 de abril, os dois teriam entrado em enfrentamento com agentes da Brigada de Paraquedistas do Exército, na rua Niquelândia, no 23, em Campo Grande. Mário teria morrido na hora, enquanto Marilena, ferida, teria falecido posteriormente. 

Segundo relatório de prisão feito por Inês Etienne Romeu em 1981, Marilena foi levada para um sítio clandestino em Petrópolis (RJ), que ficou conhecido como “Casa da Morte”. Em abril de 1997, Inês confirmou tal informação: “A pedido, confirmo integralmente o meu depoimento de próprio punho, sobre fatos ocorridos na casa em Petrópolis-RJ, onde fiquei presa de 8/5 a 11/8 de 1971. Esse depoimento é parte integrante do processo no MJ-7252/81 do CDDPH, do MJ. 

Nesse depoimento está registrado que o ‘dr. Pepe’ contou ainda que Marilena Villas Boas Pinto estivera naquela casa e que fora, como Carlos Alberto Soares de Freiras, condenada à morte e executada."

Não deixem a História ser esquecida... Não deixem o passado se repetir no presente. Por ideias como essa, de que liberdade de expressão é você pedir a volta da ditadura, é você dizer que determinada classe política ou social deveria ser eliminada que episódios como o Nazismo e as Ditaduras pelo mundo ocorreram.

Na própria Alemanha Nazista, as pessoas ludibriadas por essa ideia errada achavam que era certo matar e eliminar os judeus. Durante a Ditadura, era "certo" amarrar chumbo no pé das pessoas da oposição e jogá-las na Baía da Guanabara para nunca mais serem encontradas... Na época da escravidão, achavam que era certo escravizar os negros.

Não evoluímos tanto para agora, em 2015, começarmos a andar para trás nesse quesito. Se você é contra a corrupção, é seu direito pressionar o governo para o fim dela. Mas não confunda as coisas. Ditadura não é a solução, nem nunca foi. Na Ditadura Militar além da tortura e dos assassinatos, também tiveram vários escândalos de corrupção envolvendo os militares.

Então, pressione sim o governo por mudanças. Exija a Reforma Política, mas não apoie mais discursos de ódio achando que isso é a solução para os problemas nacionais. Odiar quem pensa diferente de você e age diferente de você nunca deu bons resultados na História.

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